terça-feira, 5 de junho de 2012

Grupo discute política de comunicação para FURB


Texto de Léo Laps


Na tarde do dia 1º de junho, o GTCom – inédito e importante Grupo de Trabalho criado pela Reitoria (Portaria 306) para desenvolver uma política pública de Comunicação na FURB – sediou palestra com os jornalistas José Roberto Ferreira (foto ao lado), que dirigiu a comunicação da UNESP por 15 anos e hoje dirige a Acadêmica Agência de Comunicação (especializada em Ciência e Tecnologia) e Moacir Loth, que comandou em algumas gestões a Agência de Comunicação da UFSC (Agecom), que instalou, em 1987, uma política pública de comunicação. O objetivo foi ouvir e debater as experiências e opiniões dos dois profissionais para fomentar o debate constituído na FURB com a instalação do GT, dia 23 de maio, com representantes dos principais segmentos da Universidade. O relato a seguir não contempla o debate que se seguiu à apresentação dos dois jornalistas, mas contém material essencial para os próximos debates do GT. Nesta quarta-feira (06/06) o GTcom volta a se reunir para encaminhar as discussões.

Ferreira iniciou sua fala lembrando que, embora a Comunicação não seja uma “atividade-fim” dentro de uma universidade, ela contempla aspectos da pesquisa, do ensino e da extensão. E no atual estágio de desenvolvimento do país, a sociedade finalmente está exigindo Ciência e Tecnologia para resolver problemas e crescer. “Nos países de ponta, a conexão entre indústria e academia é antiga. Muitos vencedores de prêmios Nobel fazem pesquisas dentro de empresas, e não em laboratórios universitários. Aqui no Brasil, entretanto, as duas áreas parecem traçar caminhos paralelos na maioria das vezes. Isto está mudando agora”, afirmou.
O jornalista utilizou em vários pontos da palestra uma metáfora de universidade como “estoque de conhecimento” que, de modo geral, fica distante da sociedade. Para resolver este entrave, é preciso criar um fluxo de informações, e aí entra a Comunicação. “O papel da universidade não pode ser apenas formar alunos. É preciso contribuir para melhorar a sociedade, cujo nível de alfabetização científica é muito raso. Os jovens, principalmente, devem ter mais acesso a esse tipo de informação”, argumentou Ferreira.

O palestrante (ao lado) teceu alguns pontos essenciais sobre como acredita que um setor de Comunicação precisa trabalhar em uma universidade: a) ter solidez para não ficar sujeito aos humores de uma gestão, ou mesmo na mudança de reitorias. Tal pode ser obtido justamente através de uma bem formulada política pública de comunicação; b) ser composta por profissionais da área de Comunicação, não usando os meios de comunicação como laboratório didático; d) apresentar uma abordagem diferenciada dos meios comerciais, usando seu “estoque de conhecimentos” para trazer informação útil em aprofundada para a sociedade. “É preciso mostrar o conteúdo da universidade. Em vez de apenas dizer que é a melhor, mostre que é”.

Ferreira também fez observações sobre a Comunicação interna. Segundo ele, a interdisciplinaridade – permitir que um aluno de Engenharia aproveite o “estoque de conhecimento” do Departamento de Letras, por exemplo – é um caminho para integrar a universidade. Além disso, ao fazer os processos políticos internos fluírem com transparência, fomentando o debate através dos meios, a universidade os enriquece e forma novos quadros políticos. “Hoje há uma dificuldade geral em se conseguir um chefe de Departamento, ninguém mais quer participar. Não seria por essa falta de acesso sobre a política na universidade?”, questionou.

O palestrante também revelou algumas estratégias utilizadas na UNESP para fomentar a divulgação científica. O objetivo era se igualar à USP e à Unicamp em relação à exposição midiática. “Estas estavam sempre na Folha de São Paulo, em revistas de circulação nacional. Queríamos o mesmo”, explicou. A universidade possuía na época 15 campus espalhados por um raio de até 700 km, o que gerou certa dificuldade. Operacionalizaram workshops e mesas redondas envolvendo jornalistas e pesquisadores. “Aqui, por exemplo, seria bom fazer um workshop com jornalistas locais para que estes entendam melhor como a FURB funciona, como abordar materiais científicos fugindo do óbvio”, sugeriu Ferreira.

Ao final da fala de José Roberto Ferreira, Moacir Loth relembrou os primeiros passos da Agecom, no final da década de 1980, quando a UFSC desenvolveu sua política pública de comunicação. O jornalista recordou das reuniões com empresários, entidades externas e internas (associações, sindicatos, diretório acadêmico, etc), onde a tônica era de críticas e desconfiança em relação à Comunicação Institucional, principalmente devido ao foco muito acentuado em questões relativas apenas à reitoria. “Buscamos então legitimar a comunicação, definindo uma filosofia e uma política que sobrevivesse a cada nova reitoria, e isso deu certo”, afirmou.

O jornalista enumerou algumas das produções da UFSC a partir daquele momento, desde a própria Agecom ao guia de fontes – “que aproximou muito os jornalistas dos pesquisadores” –, jornal universitário impresso – “uma ferramenta que, quando não ativa, gera carência de informações na UFSC –, site, resgate da memória fotográfica da universidade e a própria identidade visual, que foi submetida a uma série de regras de padronização.

Para Loth, é necessário criar uma rubrica específica para a Comunicação dentro de uma instituição pública. “Caso contrário, estamos sempre de chapéu na mão”. O jornalista opinou que as mídias – tevê, rádio, web, impressos – tem de se aproximar para obter mais força e otimizar a mão-de-obra. “O ideal é que todos os meios se articulem e dialoguem em uma única estrutura, em algo como uma secretaria integrada de comunicação pública”, opinou.
Quanto ao papel dos pesquisadores, Loth acredita que, quando financiados por dinheiro público, estes tem o dever de divulgar seu trabalho. “Alguns se escondem, uns por timidez, outros por medo de que o jornalista distorça sua pesquisa. Em outros casos, é o jornalista que se sente inseguro ao entrevistar um cientista”, analisou Loth.
Jornalista Moacir Loth, que instalou a PPC na UFSC em 1987

O reitor João Natel, na instalação do GT, em 23/05 (fotos abaixo),  abriu a reunião afirmando que existem críticas históricas com relação à estrutura de comunicação da FURB, e que o objetivo do GTCom, extremamente representativo, é justamente debater seu aprimoramento e constituir uma política institucional de comunicação pública, abrangente e duradoura, que não possa sofrer grandes alterações a cada nova gestão”. Lembrou que comunicação é um dos itens a ser discutidos no redesenho do atual Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e no novo Plano Estratégico, ambos processos em andamento na Universidade. 


Integram o GTCom:

Coordenadoria de Comunicação e Marketing – CCM/FURB
Técnico-Administrativo ALEXANDRE ADAIME – Titular
Técnico-Administrativo ARISTHEU FORMIGA – Titular 
LEONARDO LUIS LAPS – Titular 
Técnico-Administrativo MICHEL IMME SABBAGH – Titular 
Profª. MÁRCIA REGINA BRONNEMANN – Titular 
NELI TEREZINHA FERREIRA – Titular 
  
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
MOACIR LOTH – Titular 
ARTEMIO REINALDO DE SOUZA – Suplente
  
Associação de Imprensa do Médio Vale do Itajaí – ASSIMVI
ALEXANDRE GONÇALVES  – Titular 
CRISTIANE SOETHE ZIMMERMANN – Suplente

Centro de Ciências da Educação – CCE
Profª. MARIA JOSÉ RIBEIRO – Titular 

Centro de Ciências da Saúde – CCS
Profª. CATARINA DE FÁTIMA GEWEHR – Titular 
Técnico-Administrativa VALQUIRIA BRODWOLF – Suplente

Centro de Ciências Exatas e Naturais – CCEN
Prof. MAURO SCHARF – Titular 
Prof. GERALDO MORETTO – Suplente

Centro de Ciências Humanas e da Comunicação – CCHC
Prof. NELSON AFONSO GARCIA SANTOS - Titular 

Centro de Ciências Jurídicas – CCJ
Profª. KÁTIA RAGNINI SCHERER – Titular.
Prof. LEONARDO BEDUSCHI – Suplente 

Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA
Prof. EDSON LUIZ BORGES – Titular 
Prof. HÉLIO DA SILVA – Suplente 

Centro de Ciências Tecnológicas – CCT
Prof. ERWIN HUGO RESSEL FILHO – Titular 
Prof. PAULO ROBERTO BRANDT – Suplente
  
Departamento de Comunicação/CCHC/FURB
Profª. ANAMARIA TELES – Titular 
Prof. ARNALDO ZIMMERMANN – Suplente
  
Curso Superior de Tecnologia em Marketing/CCSA/FURB
Prof. DIOGO SCANDOLARA – Titular
Prof. DAVID COLIN MORTON BILSLAND – Suplente

Rádio e Televisão Educativa/FURB
Prof. DILSON TOMIO – Titular 
Técnico-Administrativo CARLOS HENRIQUE KOCH – Suplente
  
Ouvidoria/FURB
Prof. LEONIR ALBA  – Titular 
Técnico-Administrativo MARCOS ALBERTO DOS SANTOS – Suplente

Escola Técnica do Vale do Itajaí – ETEVI
Prof. VICTOR CÉSAR DA SILVA NUNES – Titular
Profª. MARIA HELENA BATISTA – Suplente
  
Divisão de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas – DGDP/FURB
Técnico-Administrativa EDILMA ZANGHELINI MAMEDE –Titular 
Técnico-Administrativa ANDRÉA CRISTINA DIAS – Suplente

Centro de Memória Universitária – CMU/Biblioteca Universitária/FURB
Técnico-Administrativa LIANE KIRSTEN SASSE  – Titular 
Técnico-Administrativo DARLAN JEVAER SCHMITT – Suplente

Diretório Central dos Estudantes - DCE/FURB
Acadêmico LÁZARO BRUNO CABRAL LELES – Titular 
Acadêmico KASSIANO REIS GUIMARÃES – Suplente


Reitor João Natel
instalou o GTCom
em 23 de maio
(Portaria 306). 


Grupo tem
até 90 dias para
apresentar um
documento a ser
discutido
pelo Consuni.

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